terça-feira, 28 de julho de 2015

Você me entende?

Só tente me entender.



Tente entender que não é fácil olhar para os seus olhos e pedir um tempo. Dizer aquelas típicas desculpas de sempre de: O problema não é você, sou eu. E sentir por você o aperto no peito que eu sentiria em tal momento. Não é fácil acabar com o que ainda está na metade. Desistir do “para sempre.” E ser o mostro de uma relação. Me entende, vai. Entende que sempre que eu insisti em me enganar pensando que eu era capaz, o seu sorriso chegou antes e me calou.

Era como se eu olhasse para você com aquela expressão de algo a dizer estampado no rosto. Começasse a tentar proferir as palavras encenadas, mas me perdesse olhando para suas linhas de expressão. Como se qualquer outro assunto sem o menor sentido pulasse na frente e me impedisse de dizer o que eu realmente precisava. Você sabe, a coragem sempre foi a minha maior falta. Era como se eu perdesse a última competição quando eu já havia conseguido ganhar todas as outras. Eu fracassei com você, eu sei. Mas me entende, entende que não foram as palavras que me faltaram. Foi a coragem.

Eu ensaiei diversas vezes em frente ao espelho todas as coisas que eu precisava lhe dizer. Ensaiei até os movimentos dos meus lábios. Para ter a certeza de que o tempo todo eu estaria certeira do que dizia olhando para você. Mas eu não conseguia. Eu não conseguia olhar para os seus olhos com a certeza de que eu iria te fazer sentir todas as coisas que em um passado já me fizeram. E eu sei como dói. Você me entende? Entende que eu não queria te fazer sentir o mesmo. Entende que eu não conseguia ser a pessoa a colocar um fim tão árduo e duro em uma história que sempre foi tão linda.



Você me entende? Eu não queria ser o rabisco a estragar as linhas que foram escritas perfeitamente bem. Eu não queria ser o desfecho de um livro que revolta os leitores ao redor. Eu não queria ser as palavras que causam lágrimas. Eu não queria ser o erro que desfaz um conto de fadas. Eu não queria ser a batida torta de uma música lenta. Nem a nota errada de uma canção tocada no piano. Eu não queria ser a voz que grita no silêncio. E nem o coração que derrapa contra o que sente. Você me entende? Eu não queria ser a pessoa que desiste. Porque geralmente, ela sempre se arrepende.

Agora você sabe o que eu quis dizer todas aquelas vezes em que eu te olhei, e te deixei esperando minhas palavras? Agora você entende tudo o que eu carregava dentro de um simples “nada” que eu insistia em lhe dizer? Agora você entende o porque de todas as vozes em meio ao nada? O porque de tantos silêncios enquanto os pensamentos gritavam? Agora você entende todos os vácuos? Todos os “Eu te amo” que não foram ditos? E todos os sorriso forçados?

Agora você compreende o porque de eu ter assistido todas as cenas que cansavam qualquer coração? E virado a cara para todos os olhares que transbordavam emoção? Agora você entende o motivo de tantas lágrimas cercadas, e de tantas palavras deixadas em vão? Agora você entende o porque de eu ter mudado tanto? O porque de eu ter te deixado se cansar? O porque de eu ter te permitido me deixar? Agora você finalmente me entende?
Entende que eu não nasci para colocar fins.. Eu nasci para lidar com eles.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Carta da "Garota misteriosa"

Garota misteriosa, então?

 No começo achei engraçado. Eu, logo eu, sou uma garota misteriosa? Engano dele. Sou tão comum que só não sou mais comum por falta de espaço. É que ser normal demais as vezes cansa. Tem que dar um jeito de se rebeldiar, se descabelar, usar uma maquiagem borrada de vez em quando. Ser certinha demais cansa. Acreditem. Nunca pensei que alguém quisesse saber mais sobre mim. Quem eu sou? O que eu sou? Sério que alguém quer saber? Parece tão desinteressante.
Bom, sou uma pessoa comum, acreditem. Fui uma criança feliz que se divertia com facilidade. Mas cresci um pouco e me tornei uma adolescente complicada e complexada. Que sofria de problemas com a auto estima. Bom, e foi nessa fase da vida que tudo começou. O inferno que veio a invadir não só a minha vida, mas como também o meu lado mais vulnerável: Meu psicológico. Eu perdi o controle de mim. Não tinha amor algum por aquela coisa estranha que eu tinha de ver todos os dias na frente do espelho. Eu tinha vergonha, muita vergonha. Tinha vontade de fugir com a minha alma para bem longe do meu corpo. Eu não poderia ter virado aquilo. Me escondia. Me escondia do mundo. Me escondia de espelhos. Me escondia de câmeras. Me escondia de tudo. Eu não gostava de ser aquilo. Eu podia ser melhor. Eu sabia.
Mas ainda que fosse apenas a minha não aceitação, meu psicológico não teria sido tão abalado como foi. Eram palavras, que ainda que deixassem de ser ditas, elas não largavam minha cabeça.  Aquilo era algo assustador dentro de mim.

Tudo começou, quando entrei em um colégio novo e todo mundo me odiou. Ódio grátis. Eu nunca havia feito nada para nenhuma daquelas pessoas. Era tão quieta, tão na minha. Com roupas fechadas, uma maquiagem de menininha, meu óculos rosa que era como se fosse meus olhos, e meu iPod. Eram minhas músicas que me distraiam.


Vocês sabem como é sentir que ninguém se importa com você? Que todos ali ao seu redor querem te destruir? Que ninguém gosta de você? Não? Eu também não sabia. Até aquilo acontecer comigo. Aquilo parecia não ter fim. Estava me consumindo, me tirando a paz, me deixando louca. Eu era inocente, meiga e frágil. Sentia muito por tudo.  Virava a cabeça para cima, fechava os olhos, fazia de tudo, mas não chorava. Eu não podia chorar. Era aquilo que todos eles queriam. Por mais que tudo aquilo me magoasse demais, eu permanecia calada. No meu canto, sozinha. Acho que foi ficando tão sozinha que aprendi a gostar da solidão. Era tudo o que eu tinha de companhia: eu mesma. Aquilo tudo me fazia se perguntar o porque de eu existir..

E quando a madrugada chegava, o sono me faltava. Era a hora das lágrimas. Me lembro até hoje, da angústia que sentia nos finais de noite. Um desespero horrível me consumia, me fazia entrar em pânico. Eu queria sumir, fugir, esperar um ônibus passar e me atirar na frente dele. Assim acabaria todo aquele sofrimento diário. 

E era mais uma semana, daquelas. Palavras e mais palavras. Já nem ligava mais. Me acostumei com aquilo. Era o que eu merecia? Era o preço que eu pagava por ser quem eu era?  Tudo bem.  A gente precisa passar por algumas coisas para perceber, que não é só porquê você tem um bom coração, que todas as pessoas tem também.

E o tempo foi passando, Talvez a menininha bobinha, já não fosse mais tão bobinha assim. Aquilo a deixou marcas profundas. Causou danos psicológicos. Ataques de pânico. Transtorno de ansiedade. E traumas que ainda a ocupam até hoje. Tem coisas que me disseram, que até hoje não fui capaz de esquecer. Mas a vida que segue. Eu fui crescendo com um ódio amargurando minha garganta. E com a vontade de vingança marcando meus passos. A cada dia que se passava, aquela menina tão doce ia perdendo um pouco de sua bondade. E assim foi.. Me apaixonei por alguns garotos. E percebi que ainda tinha um lado ingênuo dentro de mim. Conheci vários meninos, me decepcionei com todos. Sempre me decepcionava mesmo. Passaram tantos canalhas pela minha vida que já perdi as contas. Mas sabe, nem vale a pena contar mais. Resumindo: Eu só me fodi em relacionamentos. Traição, ilusão, e decepção. Minha marca da adolescência. Bosta de adolescência.

E conforme eu quebrava a cara, minha doçura se amargava mais e mais. Até que em uma dessas decepções, eu me perdi. Quero dizer, eu me encontrei. Ser ingênua, e bobinha demais não combinava comigo. Fui deixando de usar aqueles sorrisos cuidadosos. E estampei um: “Eu não preciso mais agradar ninguém.” Bem na minha testa. Joguei fora as roupas delicadas. E passei a me vestir com aquelas famosas roupas pretas. Bem fortes. Bem marcadas. Abandonei a maquiagem toda certinha e arrumadinha. E passei aquela sombra preta de mal jeito. Borrada. Aquele rímel lotado de camadas. E que saber? Combinou muito mais comigo.


Ah, o coração também quis mudar. Estava tão ferido, que aprendeu que cacos não podem se apaixonar. As pessoas se esquecem que algumas pessoas só são muito frias, porque um dia já foram quentes demais. E foi assim que me rendi as bebidas. Aos cigarros. E ao errado. O errado ás vezes é tão mais certo. Mas quer saber? Eu quero é que se foda essa porra toda. Quebrar a cara na vida, nos ensina algumas coisas. Aqui vai a lista das principais:

- A dor quando não é na gente, não importa quem a sinta. 
- As palavras só machucam quem as engole.
- Quando a gente é boazinha demais, a gente só se fode.
- Pessoas boas vivem quebrando a cara porque não sabem revidar.
- E o coração só aprende a não bater por ninguém, quando é socado. Bem feito. Maldito.

Bom, acho que crescer me fez bem. Finalmente tenho minha identidade. Ah é, vida, é assim? Enquanto eu não sabia revidar, você, sua maldita, só soube me trapacear. Derrubar. E me machucar. Agora se prepare, porque estou pronta para jogar. Já ouviu dizer: Pode bater, mas quando eu levantar, corre? Então. Eu levantei, agora, corre.

Assinado: A garota misteriosa que já não é mais misteriosa. 

Ah, prazer, Polliana.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Garota Misteriosa 2

-Ei, espera.
-Me deixa. Eu não gosto de companhia. Eu não gosto de pessoas.
-Tudo bem. Do que você gosta? O que te faz bem?
-Bebidas. Cigarros. E a morte, que talvez seja o dia mais esperado da minha vida. 

E dá um sorriso cru. Ácido. Que o arrepia por completo. Essa garota era tudo, menos comum.
- Como você consegue dizer essas coisas?
- Com a boca. Se não quiser escutar o que não gosta, não pergunte o que quer.
E dá uma tragada em seu cigarro. Eram tantos cigarros em poucos minutos. O que seria de seu pulmão?
-Olha.. Você sempre tem uma resposta firme na ponta da língua. Gosto disso.
- Não é na ponta da língua. É na minha personalidade. Agora, me deixe ficar sozinha. Já perdi tempo demais com você.

E ela saí com seus passos firmes, seguros, longos e pesados. Acende mais um cigarro. E fuma com vontade. Ela era um corpo que vagava pelo mundo a procura de sua alma. Seu corpo havia cansado de sentir perdido. Deslocado. Vazio. Ela era incapaz de sentir. De guardar qualquer emoção, por menor que fosse. Ela não se comovia com nada. Quem era ela? Essa garota não era comum. Ela era um excesso. Que havia se acumulado demais. Um excesso que havia perdido a vontade de sorrir. Ela era um fim que parecia interminável. Uma palavra que era inexistente em qualquer dicionário. Era uma vontade que a cada vez mais se aumentava.


E ele não desistia. Ele queria mesmo conhecer aquela arte tão incógnita. Um verdadeiro enigma essa garota. Se escondeu. Mas não a perdeu de vista. E quando ela menos esperava, ele chega de mansinho. E sussurra em seu ouvido por trás.

-Sentiu minha falta?
- Ai, que susto! Ainda está aqui?
-Acha mesmo que eu iria embora? E deixaria você sozinha aqui? Jamais.
-Até parece que você se importa.
-Eu realmente me importo.
-Você nem me conhece.
-Porque você não permite. Estou tentando. Nem seu nome me falou ainda.
-Foda-se.
-Tudo bem. Garota misteriosa então?
-Garota cansada combina mais comigo.
-Cansada? Cansada de que? - E olha em seus olhos- Ei, me deixe te entender..
E ela respira fundo e diz:
- De tudo.
- O que te fez se cansar?
- Quer mesmo saber?
- Quero.
- Tudo bem. Estou cansada dessa vida medíocre que levo. Estou cansada do meu excesso de frieza. Estou cansada das decepções que me perturbam dia e noite. Tenho marcas até hoje. Estou cansada da falta de sentimento das pessoas. Foi por conta delas que me tornei isso aqui. Um vazio. Um vazio que nunca vai ser preenchido. Porque aprendeu a não deixar acumular. Aprendeu a não sentir nada mais. Satisfeito?

E ela abaixa a cabeça, como se estivesse arrependida de tudo que dissera. Acende mais um cigarro para disfarçar o nervosismo que corroía sua alma. Era tudo que ela conseguia sentir. Ódio. Desprezo. Angústia. Nervosismo. Dor.

- Nossa… Me desculpe! Você me deixa sem palavras com mera facilidade.
- É que você é um excesso de sentimentos a procura de palavras. Eu não. Eu sou um excesso de palavras que não está a procura de sentimentos. Jamais.
-É. Isso fez sentido, sabia? Talvez eu seja mesmo.
-Eu sempre faço sentido.
- Bom, agora que a minha garota misteriosa preferida resolveu abaixar as armaduras. E percebeu que eu não sou um monstro. Será que vai me deixar a ajudar finalmente? Eu gostei de você. Como a tempos não gostava de alguém. Vem comigo. Vamos sair daqui. Meu carro está logo ali na próxima rua..

E ela o interrompe, inconformada.
- Querido, eu não sou uma coitadinha perdida no mundo, não. Eu tenho meu carro. E mais umas malas de viagem dentro dele. Só dei uma pausa.
- Então você vai viajar? Está a caminho de viagem?
- É. Qual a surpresa nisso?
- Pensei que morasse aqui.. Para onde vai?
- Isso não te interessa.
- Interessa sim. Eu preciso te ver outra vez .
- Para de querer planejar o futuro. Esquece isso.
- Ei, eu não consigo ser tão despreocupado como você.
- Pois deveria. Se a gente tiver que se ver de novo, a gente vai. Pode acreditar. Vou nessa! Tenho que ir. Até qualquer dia.
- Ei, mas você acabou de beber. Espere. Eu preciso saber mais de você.

E a garota misteriosa que havia revelado um pouquinho de seu mistério já havia se perdido de vista. E ele, se perdido em meio a um turbilhão de pensamentos. Quem é ela? De onde veio? Para onde vai? Mora sozinha? Tem família? É casada? Tem filhos? Ele não sabia. Mas sabia que aquela garota louca havia mexido com ele de alguma forma.

Mas uma coisa ela deixou.. A esperança. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Garota Misteriosa 1

E era, um final de tarde daqueles bem melancólicos. Onde o cheiro do horizonte nos toma. E as borboletas voam mais distante. Onde nada parece fazer sentido. Ele sente-se perdido. Com as mãos no rosto, enquanto o resto de sol que ainda não se escondeu aquece sua alma. Ele pensa, reflete, concentra seus pensamentos todos para que possa refletir. Ele queria não permanecer parado com seus pensamentos de única companhia. Mas sabe, ele cansou de sair, de curtir a vida. De passar noites sem valor. E provar de beijos sem sabor. Ele cansou de ser errado, de acreditar que o errado é certo, e mais ainda, ele cansou de ficar com várias e voltar para casa no final de noite com um coração vazio. Com um nada dentro de si. Descobriu que sua solidão não se preenchia com noitadas. Com cinco, dez, vinte garotas, não importa. Porque a solidão maior acontecia lá dentro.




Enquanto ela estava do outro lado. Com seu snaker preto. Suas meias finas rasgadas. Seus cabelos molhados da chuva. E seu shorts personalizado. Com a maquiagem preta toda borrada marcando seus olhos. E o cigarro nas mãos. Com garrafas de Whisky e Vodka ao seu lado. Já não se importava com nada. Seu pulmão preto já não fazia mais diferença, ele era só um detalhe, para combinar com a cor de sua vida que há tempos era assim. Preta. Escura. Sem felicidade alguma. Mas ela até que gostava da solidão. Da sensação do vazio que corroía dentro dela. Ela carregava feridas nos bolsos. Feridas que já haviam cicatrizado. Ela não tinha amor algum, por nada, por ninguém. Já perdera as contas de quantos babacas ela amou em um passado, e acabou assim, sozinha. De tanto se machucar, ela tinha medo de amar. Já não amava mais ninguém. De tanto ser magoada, ela machucava sem dó. Ela era fria, sim. Poderia assistir a um acidente e ainda assim não se comoveria nem um pouco. Nem pena, nem lágrimas, nada. Indiferença. E toda essa marra, era apenas um escudo que a defendia de qualquer sentimento. Porque ela aprendeu que sentir, machuca. E que amor, vira dor. Ela aprendeu também que quando a dor não é na gente, não importa quem a sinta. E como a sinta.



E ele andava sem rumo, enquanto se deparou e olhou para aquela garota linda que estampava sua personalidade forte apenas no seu modo de se vestir. Nos cigarros que acendia, um atrás do outro. E nas bebidas que virava sem medo. Ela era toda perdida, toda errada, toda misteriosa. Ela era tão ela. Tão diferente de todas as outras. Ele se aproximou. Ela virou os olhos para cima. Irritada com o mundo, com a vida, com tudo. Ele encostou ao lado dela.

- Ei, isso faz mal, sabia?
- Isso é problema meu.
- Tudo bem. Só espero que saiba o mal que esses cigarros fazem para a saúde. Meu avô morreu de câncer de pulmão, sabia?
- Sorte a dele.
- Garota, você é louca?
- Talvez.
- Eu digo que meu avô morreu de câncer de pulmão e você diz “sorte a dele”?
- A morte é bela. A vida que é difícil.
- Por que uma garota tão linda e jovem fala assim da vida?
- Acha mesmo que alguém que bebe e fuma, tem amor a vida? Cigarros e bebidas antecipam a morte. Por isso eu bebo. E fumo.
- Não fala assim.. Tenho certeza que diz isso da boca para fora.
- Você não sabe de nada.
- Então me conta.
- Descubra.
E ela vira. Antipática, estressada, irritada. Soltando ar pela boca, e revirando os olhos para cima. Ele a segura pelos braços. Ela puxa. Ele segura ela firme.
-Ei, espera. Fica.
- Não.
-Eu gostei de você.
-Azar é o seu.
- Por que você é assim?
- Porque eu sou obrigada a existir.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Não é ciúmes.

Não é ciúmes. 
É medo. Medo de você trocar o meu jeitinho tímido por alguma fala solta que você vê por aí. Medo de você cansar desse meu mundinho cor de rosa e se jogar a algum outro mais errado. Mais complicado. Mais bruto. Do jeito que talvez seja uma aventura a mais para você. É puro medo. Medo do meu olhar deixar de soltar faíscas ao se deparar com o seu. É medo de todos os planos serem largados no chão. Apenas medo. Medo de você desistir da menina que mais te ama, por uma que você sabe que jamais teria tempo para você. É medo do meu sorriso deixar de ser o seu preferido. E das nossas histórias serem apagadas. É medo. Medo do vazio que sempre vem. Medo da dor que eu me lembro bem. Medo de você preferir um outro alguém.


 Você me entende? Eu não quero ser apenas mais um alvo de loucura que vem para destruir a sua sanidade. Eu quero que você saiba, que eu sou apenas um passo da insegurança que pula fundo em um abismo de lágrimas sujas. Eu sou apenas uma fé aguardando pelo seu destino. Apenas um amor que não pode ser esquecido. 
Eu não sei se você nota, se você sente e se você espera tanto quanto eu. Eu não sei o que você pensa, o que você acha e nem o que você quer. Só sei bem desse estrago que você fez na minha cabeça. Eu sei bem das quase lágrimas que eu deixei acumular em mim. Eu sei bem do que só eu enxergo em você. Que mesmo que eu dê os meus olhos para alguém, jamais te enxergariam do mesmo jeito que eu. Sabe por que? Porque mesmo que vejam com os mesmos olhos, ninguém te vê com mesmo coração.
Entende? Entende que eu tenho medo de você largar um futuro certo por qualquer presente duvidoso. Tenho medo de você soltar a minha mão tão rápido assim. Tenho medo da minha esperança se tornar apenas mais uma grande decepção. 
Não é ciúmes. Entende? 
É apenas medo de você destruir o meu coração.  
-Mais uma vez-

domingo, 26 de abril de 2015

Ela antes. Ela agora.

Ontem me disseram que não sou mais a mesma de algum tempo atrás. E eu logo parei para pensar.. Eu não sou mais a mesma? Por que? Será que meu cabelo cresceu? É, pode ser isso.Talvez tenha sorrido um pouco menos também. Mas, espera. Quem era eu a um tempo atrás?


Ah, eu era aquela menininha inocente que tinha medo de magoar as pessoas. Mas que vivia magoada? Eu era aquela idiota que entregava o coração sem cuidado algum para qualquer mão que prometesse um “para sempre”? Era aquela acostumada a acreditar demais em palavras quando as atitudes não me provavam nada? Era aquela menina doce, que sorria para todo mundo? Que tinha brilho no olhar, e dor no coração? Era aquela perdida, angustiada que fingia felicidade e todos acreditavam? Era aquela que se trancava no quarto pela madrugada e borrava todo o seu rímel nos travesseiros? De tanto que chorava. Pelo tanto que guardava. Acumulava. Explodia. Era aquela que vivia machucada? Com coração aos cacos? Odiando o espelho? Odiando quem era? Era essa que eu era? Ah… Me lembrei.

É, eu mudei mesmo. Ainda bem não é? Confesso que quando a gente é doce demais, a vida é amarga. As pessoas são amargas. Nunca segue o mesmo ritmo. Eu deixei de ser essa “aquela” de um tempo atrás. E já estava mais do que na hora. Talvez agora eu já não entregue meu coração assim, tão fácil. Confesso que agora, eu antes preciso examinar se o remetente tem todos os cuidados para manter ele saudável e inteiro como um dia fora. Ah, cansei de juntar cacos. Colar pedaços. E nunca obter um coração inteiro novamente. Cansei de colecionar feridas. Carregar cicatrizes e machucados que parecem nunca pararem de doer. Eu cansei, cansei de fazer curativos e acabar cheia de marcas sob a minha pele. Cansei de sorrir para o mundo enquanto me atiram facas pelas costas. Cansei de acreditar em palavras inventadas quando as intenções não são boas. Eu cansei..


Cansei de me machucar sem propósito algum. Cansei de acreditar no amor, no destino. E levar apunhaladas no coração. Eu cansei de ser idiota. Cansei de deixar minha auto estima e amor próprio descerem sob o ralo, quando tudo que escuto são palavras de adeus de um idiota qualquer que nunca teve intenção do amor. Eu cansei de me magoar por tão pouco. De gastar vidros de rimeis que se vão junto das lágrimas. Eu cansei de me esconder de mim mesma por medo. Cansei de sentir medo. Cansei de me sentir pouco. De me sentir insuficiente. De me enxergar com olhos de quem precisa de ajuda. Eu cansei de me ver como um alguém que eu não sou. Não mais.

E se eu deixei de ser quem eu era antes. Se eu mudei. Foi por necessidade. E quer saber? Não sinta falta de quem eu era antes.

Sinto orgulho de mesmo após ter caído em lágrimas por diversas vezes, eu ter sido capaz de me levantar com força suficiente para crescer. E mudar. Eu sinto orgulho de quem eu fui capaz de me tornar.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Eu odeio amar você.

Quando eu te vi pela primeira vez eu te odiei. Te odiei completamente. Com todas minhas forças. Com todo meu silêncio. Te odiei baixinho, só para mim. Odiei o seu sorriso malicioso de canto de boca mirado para mim. E até aquela sua risada debochada. Odiei seu jeito de andar. De falar comigo. De olhar para mim. Eu te odiei. Te odiei enquanto meu estômago borbulhava, revirava e me entregava. Te odiei enquanto meu coração pulsava, disparava, sem direção. Te odiei enquanto sua presença me arrepiava e eu jurava para mim mesma ser apenas a resposta do meu cérebro garantindo o quanto não te suportava. Eu te odiei com total certeza. Te odiei ainda mais quando vi você falando com aquela garota tão sem graça. E percebi que te odiava ainda mais quando aquilo de fato começou a me incomodar. De um jeito que me roubava de mim. Me fazia focar total a minha concentração em você. E o meu olhar vago entregava. Entregava que eu de fato me importava. Mas jamais confessava. E você.. Ah você parecia fazer questão de mirar aquele olhar torto para mim a cada gesto que não negava. A cada fala enrolada. E eu odiava isso. Eu odiava você. Só isso.




Eu odiava o seu cheiro de desodorante invadindo o ambiente. Odiava os seus amigos que eram tão idiotas quanto você. E o seus passos lentos na minha frente. Eu te odiava por você conseguir ser exatamente o tipo que eu detesto. Te odiava por você conseguir direitinho levar minha imaginação para longe. E me deixar assim, navegando contra a direção dos próprios pensamentos. Negando a vontade do próprio coração. Eu odiava aquelas suas piadas sem graças, que eu ria enquanto sentia vontade de te bater. Eu odiava aquela sua voz conquistadora se aproximando de mim. Odiava o jeito que só você tinha de me fazer ir além. Eu te odiava. Te odiava por você levar embora todas as minhas palavras. E me deixar sem saber o que dizer. O que responder. O que fazer. Te odiava por você fazer todo mundo saber aquilo que eu queria esconder para mim. Por você fazer tudo que eu não suporto. Eu te odiava. Te odiava por você tirar minha atenção de coisas mais importantes. Te odiava por você me olhar a todo tempo. E me deixar sem graça. Te odiava por não conseguir respirar perto de você. Por não conseguir controlar minhas vontades ao olhar para você. Entende, eu te odiava. Eu te odeio. Eu sempre te odiei.

Sabe por que?

Porque eu sempre te amei, seu otário.